O mercado de automóveis tem comportamentos que vão além da lógica. Há modelos que são condenados a “lasanhas” muitas vezes de forma injusta. Outros, por sua vez, são alçados aos píncaros da glória, mesmo sendo carros longe da perfeição. É o caso do Chevrolet Opala.
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O jurássico sedã da GM flutua numa espécie de Olimpo do mercado. Este que por sua vez não tem o menor pudor em cobrar preços exorbitantes. Os preços podem superar facilmente os R$ 150 mil.
Se formos considerar a Fipe, que mensura os preços do Opala a partir de 1985, a cotação da tabela parte de R$ 9,3 mil. O valor mínimo encontrado nos classificados é de R$ 30 mil.
Opala se vende pela memória afetiva
Mas a memória afetiva, as lembranças de infância ajudam a vender o Opala como um carro fascinante. Mas o Chevrolet nunca foi tudo isso, pelo contrário. Ele era um carro de orçamento modesto derivado do Opel Rekord. O sedã estreou no Brasil em 1968, numa época em que a indústria automotiva brasileira ainda engatinhava.
A implementação do Opala foi algo tão absurdo que o ferramental da GM brasileira, na década de 1960, seguia o padrão de medidas imperial, enquanto que na alemã Opel tudo era calculado no sistema métrico. Assim, a montagem contava com ferramentas em polegadas e outras em milímetros. Até as oficinas precisavam contar com ferramentas com os dois sistemas de medidas.
Além disso, para reduzir custos, a engenharia compartilhou peças móveis dos motores seis e quatro cilindros. O resultado foi que o 2500 tinha vibração excessiva devido a falta ajuste de balanço. O fluxo de alimentação também era problemático, principalmente no motor seis cilindros, que exigia aumentar a mistura no carburador. Isso sem falar nas constantes trincas da carroceria e até roda que se soltava.
Chevrolet Opala reinava sem concorrentes
Mas o Opala se tornou um sonho de consumo mesmo assim. Muito do sucesso se deve ao baixo sarrafo do mercado. Além disso, com o mercado fechado, o Opala se arrastou por 24 anos praticamente sem concorrência.
Basta analisar a “evolução” de seu conjunto mecânico. O conhecido motor seis cilindros 4.1 se manteve com os mesmo 140 cv por 22 anos. Por dentro, era um carro velho, com apliques que tentavam disfarçar o peso da idade.
A constatação de que o Opala era um carro defasado ficou nítida com a abertura do mercado, em 1990. A General Motors correu para tirar o veterano de linha e trazer o Omega numa tentativa de disputar em pé de igualdade com modelos importados.
Curiosamente, um Omega V6 de última safra, gira em torno dos R$ 70 mil. Um carro muito mais sofisticado e moderno, mas que concorreu com incontáveis modelos tão bons quanto. Assim, o Opala se tornou um marco apenas por não ter concorrentes, pois Ford Maverick e Dodge Darte (Charger) tiveram vida curta.
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