Quem nunca reaproveitou um presente esquecido no guarda-roupas, trocou o embrulho e deu de bom grado para alguém querido (ou não), naqueles dias de vacas magras? Pois é, a General Motors fez algo parecido em 2009 quando lançou o Chevrolet Agile.
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A história é mais ou menos assim: na primeira década do milênio, a General Motors andava ruim das pernas ao redor do mundo. O quadro ficou ainda mais grave quando a matriz norte-americana precisou pedir ajuda financeira ao governo norte-americano, devido aos efeitos da crise financeira de 2008, causada por uma bolha imobiliária nos Estados Unidos.
Foi uma época em que as filiais passaram a ter que se virar com o que tinham na prateleira para competir. A GM brasileira já tinha em linha modelos como Corsa (de segunda geração), Celta e o sedã Classic. Os dois últimos eram construídos sobre a plataforma GM4200 enquanto o “novo” Corsa era montado sobre a base GM4300, mais moderna.
Com o bolso raso, os executivos da General Motors perceberam que poderiam dar um novo embrulho a um produto velho (pela segunda vez). Isso mesmo, pois o Celta já era uma reembalagem empobrecida do Corsa de primeira geração.
Mas dessa vez não seria para criar um popular paupérrimo, mas um compacto que tentava fingir ser mais sofisticado. Mas na essência, era tão defasado quanto o Celta, a diferença era que com o popular, GM não tentava vender gato por lebre.
Assim, a GM pegou o velho Corsinha, e substituiu a simpática carroceria por uma lataria desenhada com a calculadora do departamento financeiro e não da engenharia.
Foi um carro projetado para ser o mais barato possível. Sua produção foi delegada à fábrica da GM, em Rosario, na Argentina.
Chevrolet Agile foi o pior carro da GM?
O Agile é considerado por muitos como o pior Chevrolet já vendido no mercado brasileiro. E a pexa se justifica por vários fatores. A começar pelo fato de o Agile ter sido projetado para concorrer com rivais bem mais qualificados como o Volkswagen Fox e Ford Fiesta.
Com preço inicial de R$ 37.700, o Agile estreou caro. Para se ter uma ideia, o Fox partia de R$ 32,7 mil em outubro de 2009. E o Corsa, com o mesmo motor 1.4, era oferecido por R$ 32 mil.
Mas a GM quis imprimir um status de carro sofisticado ao Agile. Para isso desenhou um painel bem luminoso, com direito a um computador de bordo central. Adicionou ao ar-condicionado uma tela digital para se assemelhar com os sistemas eletrônicos de modelos realmente sofisticados. No entanto, era o mesmo climatizador analógico utilizado, sem gradação precisa da temperatura.
A simplicidade era tamanha que o volante não tinha comandos satélites, apenas dois botões no aro para fazer acionar a buzina. O acabamento era bastante inferior, com plásticos duros e uma maçaneta tão simples que nem tinha moldura em volta.
O pacote do Agile, em sua versão mais sofisticada, a LTZ, era complementado por direção hidráulica, vidros elétricos nas quatro portas, rádio (com CD, USB e Bluetooth), faróis de neblina e rodas de liga leve aro 15. Airbags frontais e ABS eram itens opcionais.
Para um compacto da época, a cesta agradava, mas era nítida a simplificação em relação ao Corsa. Detalhes como os faróis de parábola simples, menos eficientes que o conjunto do irmão mais velho (e mais barato) mostravam que a GM buscava explorar o máximo de rentabilidade com o Agile.
Mecânica problemática
Sob o capô, o Agile chegou equipado com o velho conhecido bloco Família I 1.4 de 102 cv e 13,5 kgfm de torque. Ou seja, ele tinha menos potência e torque que Fox e Fiesta, com seus blocos 1.6.
Se não bastasse, seu consumo também deixava a desejar. Para se ter uma ideia, o consumo urbano declarado era de 6,6 km/l (etanol) e 9,0 km/l (gasolina). Já na estrada, ele rendia 8,2 km/l (etanol) e 11,7 km/l (gasolina).
Assim, além da percepção de ser um carro popular com pinta de compacto moderninho, ter motor de baixo desempenho e consumo aquém do desejado, o Agile ficou marcado por falhas recorrentes no sistema elétrico, dentre outras reclamações recorrentes de proprietários. Muitos mecânicos e proprietários reclamam do vazamento excessivo de óleo, que é crônico no Chevrolet.
Mesmo assim, o Agile ficou em linha até o final de 2016. No Brasil, o modelo deixou de ser importado no segundo semestre de 2014, quando licenciou menos de 10 mil unidades. Ele foi engolido pelo Onix e se tornou o compacto definitivo da GM por aqui.
Ao todo foram produzidas 347 mil unidades na planta de Rosario. Desse total, cerca de 250 mil carros foram vendidos no Brasil.
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